Últimmas Folhas

3 de novembro de 2013

eférida



A sensação que pende em meu peito, irrefletida no mundo, suspirada com louvor, nenhuma palavra pode descrever. Inerte e encantada eu permaneço: olhos abertos, mas fechados, num mundo que só se deveria conhecer em sonho, e depois esquecer. Porque se lembrado for, se quedará em sua alma, como pequena flor de saudade, incapaz de murchar, incapaz de ser feia, mas saudade é. Saudade é tudo que se sabe. Os momentos acordados, tão inconvenientemente colocados entre a luz e o sonho, incomodam, mas não profundamente: pela estrada que me foi apontada, contando minhas histórias, até que uma delas, enfim, torne-se História.
A tristeza de ontem é a tristeza de hoje, transmutada em qualquer coisa que não se pode explanar, só sentir. Incapaz de falar ou escrever, eu a guardo na garganta: se oportunidade houver, irei gritá-la. Caso contrário, permaneço com a noite eterna, suavemente colocada em minhas pálpebras eféridas.