Últimmas Folhas

18 de fevereiro de 2008

Memórias de Passagem

MEMÓRIAS DE PASSAGEM

As coisas passam, e graças a deus por isso. Mas com elas também vão memórias, pessoas, lugares, conversas e lágrimas. Minhas memórias são breves, fantasiadas e imprecisas. Provavelmente os acontecimentos não fazem jus às minhas ótimas lembranças. Nem às minhas péssimas.
É melhor do que fotografia, porém. E, com certeza, muitíssimo melhor do que um vídeo. Não queria filmar tudo o que lembro; afinal, qual seria a graça de se lembrar, se você não pode nem acrescentar detalhes insólitos à memória? Não, não: nenhuma graça.
As memórias vem e vão, mas estão todas aqui, dentro da mesma cabeça, só esperando um momento oportuno para nos surpreender. Estão sim, todas aqui, perfeitas, mas nossos pequenos cérebros são imperfeitos demais para acessá-las com precisão. E graças a deus por isso também. Porque nada tem muita graça se você não pode imaginar, fantasiar, inventar o que não existe.
Mundo miserável esse, sem imaginação.
É por isso que tanta gente é triste.
E é por isso que outras tantas o são também - por imaginarem e saberem que não existe.