Últimmas Folhas

29 de janeiro de 2009

Quase Nada

QUASE NADA (08/12/2008)

A rua de terra deserta.
As luzes dos postes amarelas.
O céu tão escuro sem nuvens
ou lua para ofuscar suas estrelas.
As batidas do meu coração,
que eu tão raramente ouço
e só agora percebo
que é muito barulho
por quase, quase nada.

9 de janeiro de 2009

Ode ao Absurdo

ODE AO ABSURDO



cansei.



fechem as cortinas, desliguem os holofotes.
a tinta da minha caneta secou,
minha garganta já está rouca.
cansei.
cansei, e digo apenas isso.
não falo mais, e não ouço também.
cansei de vocês, dos seus fantasmas e de mim.
cansei da manhã,
da rima,
da prosa,
da métrica que não pode ser medida.
cansei.
cansei de ser eu,
de tentar ser você,
cansei de não ser.
cansei dessa hipocrisia a que chamam filosofia,
de palíndromos e axiomas estúpidos,
da retórica e da melodia, também – pasmem.
cansei do improviso e do premeditado.
cansei do cansaço e do que faço.
de maria rita, ou de rita lee,
de piaf, aznavour, alceu,
veríssimos, veredictos,
buarques, batuques,
meu carnaval.
Recife?
sim, cansei.
e digo mais: vou dizer apenas isso.
cansei.
que me venham com teorias,
partituras,
perfeições bilácquicas,
imperfeições andradinas,
caos total nessa poesia do absurdo.
cansei.

E Por Isso, Não Consigo Descansar.


Fortaleza,
09 de janeiro de 2009