Últimmas Folhas

1 de novembro de 2013

Pausa



É como um fogo que queima em todas as direções e não me deixa respirar ou pensar claramente. Tenho que correr, correr, correr para escrever, porque o fogo queima e ele clama por palavras. Se eu não escrever, vou explodir. Ele vai me consumir por dentro, queima em meu peito, preciso escrever sempre, sempre sempre sempre. Não consigo parar. Leio algo, preciso escrever. É obsessivo, talvez uma doença patológica. Mas preciso escrever, se parar, estou perdida. O fogo arde dentro de mim, aperta minhas entranhas, sinto meu coração pulsando em meus ouvidos e tudo tudo isso é por um único motivo: a ânsia de escrever. Não sei o que se passa, não sei o que significa, sei apenas que se não obedecer, estou perdida.
As pausas me matam, os parágrafos também. Não sei o que é e tenho medo. Muitas ideias, muitas histórias ao mesmo tempo, nenhuma delas finalizadas – e a morte sempre por perto. É como se eu não fosse ver nada terminado, como se não fosse durar muito mais tempo, e talvez essa ânsia, essa angústia, seja por causa disso. Começo a ler e preciso escrever – vislumbro uma ideia, ou às vezes ideia nenhuma, e preciso escrever. Os olhos me traem. Estou exausta e não sei por quê. A angústia me consome – não estou fazendo nessa vida o que deveria fazer. E sei também que não posso – não devo – compartilhar com ninguém esses problemas, que são só meus e de mais ninguém. Não consigo parar de escrever, nem durante o sono, e pergunto de onde ele vem, se já dormi tanto tempo hoje... Mas cá está ele.
E eu sinto falta do passado. Saudades mesmo, e isso é um problema. Talvez se eu me sentasse... O que eu quero escrever? Por acaso sei? Quero terminar, mas me falta a disciplina. Quero começar, mas me falta o amor. Talvez se eu me sentar, esteja resolvido...
Ah... A ânsia passou.
De volta à leitura.