Últimmas Folhas

13 de abril de 2009

Naqueles dias sozinhos,

Naqueles dias sozinhos, sempre colocava o livro de lado, apoiava o queixo numa mão e olhava, ponderando as coisas do mundo, a paisagem da varanda. Ficava ali, em repouso e em silêncio; imóvel. Todo o barulho que ouvia vinha do mundo lá fora. E lá ficava, pensando, à espera.

Sempre esperando que alguém abrisse a porta que nunca era trancada e entrasse em sua casa, para encontrar ali a pessoa imóvel e vulnerável na cadeira de embalo. Chegasse e surpreendesse sua taciturnidade. E perguntasse:

– O que você está fazendo?

Fazia isso em todo dia de silêncio.

Mas a porta jamais era aberta.