É como um fogo que queima
em todas as direções e não me deixa respirar ou pensar claramente. Tenho que
correr, correr, correr para escrever, porque o fogo queima e ele clama por
palavras. Se eu não escrever, vou explodir. Ele vai me consumir por dentro, queima
em meu peito, preciso escrever sempre, sempre sempre sempre. Não consigo parar.
Leio algo, preciso escrever. É obsessivo, talvez uma doença patológica. Mas
preciso escrever, se parar, estou perdida. O fogo arde dentro de mim, aperta
minhas entranhas, sinto meu coração pulsando em meus ouvidos e tudo tudo isso é
por um único motivo: a ânsia de escrever. Não sei o que se passa, não sei o que
significa, sei apenas que se não obedecer, estou perdida.
As pausas me matam, os
parágrafos também. Não sei o que é e tenho medo. Muitas ideias, muitas
histórias ao mesmo tempo, nenhuma delas finalizadas – e a morte sempre por
perto. É como se eu não fosse ver nada terminado, como se não fosse durar muito
mais tempo, e talvez essa ânsia, essa angústia, seja por causa disso. Começo a
ler e preciso escrever – vislumbro uma ideia, ou às vezes ideia nenhuma, e
preciso escrever. Os olhos me traem. Estou exausta e não sei por quê. A
angústia me consome – não estou fazendo nessa vida o que deveria fazer. E sei
também que não posso – não devo – compartilhar com ninguém esses problemas, que
são só meus e de mais ninguém. Não consigo parar de escrever, nem durante o
sono, e pergunto de onde ele vem, se já dormi tanto tempo hoje... Mas cá está
ele.
E eu sinto falta do
passado. Saudades mesmo, e isso é um problema. Talvez se eu me sentasse... O
que eu quero escrever? Por acaso sei? Quero terminar, mas me falta a
disciplina. Quero começar, mas me falta o amor. Talvez se eu me sentar, esteja
resolvido...
Ah... A ânsia passou.
De volta à leitura.