A sensação que pende em meu peito,
irrefletida no mundo, suspirada com louvor, nenhuma palavra pode descrever.
Inerte e encantada eu permaneço: olhos abertos, mas fechados, num mundo que só
se deveria conhecer em sonho, e depois esquecer. Porque se lembrado for, se
quedará em sua alma, como pequena flor de saudade, incapaz de murchar, incapaz
de ser feia, mas saudade é. Saudade é tudo que se sabe. Os momentos acordados,
tão inconvenientemente colocados entre a luz e o sonho, incomodam, mas não
profundamente: pela estrada que me foi apontada, contando minhas histórias, até
que uma delas, enfim, torne-se História.
A tristeza de ontem é a tristeza de
hoje, transmutada em qualquer coisa que não se pode explanar, só sentir.
Incapaz de falar ou escrever, eu a guardo na garganta: se oportunidade houver,
irei gritá-la. Caso contrário, permaneço com a noite eterna, suavemente
colocada em minhas pálpebras eféridas.