O RETRATO DE EDWARD
Parte I
Edward era um rapaz bonito, desses ingleses, muito brancos, olhos claros, cabelos pretos, pose de um verdadeiro lorde inglês. Mariana havia-se apaixonado por Edward. Ou melhor, pelo retrato dele. Um rapaz no ônibus deu para ela, aquele papel embolado e úmido, que ela pensou em jogar fora sem nem olhar o que era. O único motivo de ter desamassado o papel e olhado era porque o rapaz que havia-se sentado ao lado dela, por três horas e meia (que foi o tempo que durou o protesto na Av. Agamenon Magalhães) não lhe disse uma palavra. Nem um único olhar em sua direção.
Oras, todos sabem que quando há um protesto no meio de uma avenida movimentada, você sempre conversa com a pessoa ao lado. Mas não aquele rapaz. Não, muito sóbrio, ou muito intelectual para falar com ela, com seus meros 17 anos.
Foi assim, de repente.
Quando ela ia descer do ônibus, depois de todo o protesto, ele puxou-a pela manga da camisa e disse: - Toma.
Mariana estava com pressa, não teve tempo nem de puxar a mão do aperto dele.
Quando ela deu-se conta, já estava na parada de ônibus, sozinha e atônita, com aquele papel amassado na mão.
Foi então que ela conheceu Edward (estava escrito no verso). E se apaixonou pela foto dele.
CONTINUA
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